“...
Diante de ti ponho a vida e ponho a morte. Mas tem que saber escolher, se
escolhe matar, também morrerás, se deixa viver também viverás. Então, viva e
deixa viver” (Pe. Zezinho).
Há
na cidade das cobras um considerável número de olhares e interpretações acerca
do pedido de cassação do prefeito. Assim sendo, angustiados e afoitos, sujeitos
vivem a experiência de calvário enquanto esperam o veredicto final do Tribunal
Superior Eleitoral de Brasília (DF) sobre quem figurará na dianteira do Paço
municipal nos próximos anos.
Sistemicamente
a decisão deste emaranhado atinge a todos os munícipes e, de modo especial, os
detentores de cargos comissionados. Nestes momentos é provável que aflore o
sentimento de impotência entre aqueles acostumados com a vida promissora e
regalada embaixo dos arremedos do poder narcisista. Prós e contras são medidos.
“Quem vai chorar? quem vai partir?” (Raul Seixas).
Uma
coisa é certa. Aqueles que se encontram no “olho do furacão” agonizam perante
as sombras da incerteza provocadas pela luz da verdade: “Ele é daqui”. Isto
tudo nos lembra das descrições apresentadas por Ezequiel no seu livro
pré-apocalíptico.
Tal
alegoria insere-se neste movimento que dinamiza o imaginário popular tão
presente naqueles que acreditam na justiça e buscam libertar-se dos labirintos
da escuridão construídos pela “política da causa própria”.
Neste
cenário de disputas se encontra na vitrine os personagens do time dos que estão
no poder e que sabem o quanto é bom. É altamente compreensível que lutem com
unhas e dentes para não perdê-lo. Todavia, ou passamos a entender o poder
enquanto diaconia (serviço) ou continuaremos - enquanto cidadãos - reféns do
poder corruptor do caráter, dos bons costumes, da ética.
Destarte, para
além de todas estas disputas, o que precisa ser compreendido é que o ser humano
é o centro de tudo, o elo perdido, a categoria central, o foco convergente. Do
contrário a violência demente, macabra e suicida somente tende a aumentar.
Sem
adentrarmos em análises pontuais, com neutralidade, observa-se que enquanto o
jogo é decidido nos bastidores muitos fazem a experiência do inferno astral. Enquanto
isso, alheios a toda essa jogatina, encontram-se os eleitores, na sua maioria,
submersos em tantos afazeres vivendo seus dias despercebidos e distantes destes
ambientes que projetam intemperança, insensatez, discórdia, medo e falta de
ágape.
O
que se passa na imaginação do cidadão que auspiciosamente foi levado a
acreditar que vivia sob o manto sagrado da terceira melhor administração do
Paraná? Sem compreender o funcionamento sincrônico e diacrônico entre os
poderes executivo, legislativo e judiciário o eleitor pensa e reflete sobre os
acontecimentos a partir das interpretações de fontes secundárias e terciárias.
Em
pé ou sentados, seres com holofotes ou anônimos, esperam. Eis que surge a
espada da Justiça (fina e bem afiada) pronta para dividir e unir, ao decidir
quem entra e quem sai do posto de maior prestígio da “cidade hospitaleira”.
Oxalá a decisão
da Justiça seja suficientemente capaz de propiciar um exame de consciência
coletiva e individual em função do fortalecimento da cidadania participativa.