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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cidadania, inclusão e ética



             
            Como falar de cidadania, inclusão e ética numa sociedade em que a aplicação da lei pesa sobremaneira aos integrantes da classe popular enquanto os “bem nascidos”, por vezes, ficam com os benefícios e a exceção da lei? Tal realidade reforça o imaginário social de que existem “dois pesos e duas medidas”. Infelizmente, os crimes do “colarinho branco”, os “desvios de dinheiro público”, em muitos casos nem são julgados. Os maus exemplos estão em toda parte, vão de Cascavel para o mundo. E se “para os bons entendedores meias palavras bastam”, então, é conveniente falar dos “milagres” sem tocar no nome “dos santos”.
Impreterivelmente a solidificação da cidadania acontece quando articulada à ética social na direção da emancipação (inclusão) de todo ser humano. Em todas as partes, prolifera-se a inquietação daqueles que almejam a formação do ser social em prejuízo do vírus egoísta do individualismo. Clama-se por ética nos assuntos econômicos, nas relações interpessoais, no convívio familiar, na vivência conjugal, na religião e na política.
Neste mote, alguns pensadores apostam no chamamento ético-político para contrapor-se a problemática da violência que impera na atualidade. A condição para a transformação dessa situação exige uma responsabilidade compartilhada por educadores, operadores do direito e cidadãos dos mais diversos segmentos sociais. Do contrário, a vulnerabilidade daqueles que são facilmente aliciados pela bandidagem aumentará. No contraponto, teremos a diminuição do entusiasmo e do amor pela vida de tantos seres inocentes. Logo, a reintegração dos cidadãos marginalizados pela lógica do metabolismo do capital é o primeiro passo para a implantação da “inclusão”. A suspeita é a de que este seja o único modo de fazermos a desconstrução da violência.
Compreende-se, conforme José de Souza Martins ao escrever Exclusão social e a Nova desigualdade a antítese de que não existe exclusão, “as reações não ocorrem de fora para dentro; elas ocorrem no interior da realidade problemática, ‘dentro’ da realidade que produziu os problemas que as causam”. Porém, sem deter-se em questões conceituais, o objetivo é situar o leitor acerca do abandono de crianças e pessoas de melhor idade pertencentes à classe social menos favorecida. Quem são os responsáveis por tudo isso? Por que os “oportunistas” do dinheiro público destinado para a educação, saúde e segurança não são punidos exemplarmente?
A violência ocorre por diferentes meios: fome, desemprego, falta de moradia e de esperança. De modo interrupto ela fragiliza o bem estar social. As vítimas são os mais diversos segmentos sociais. Apesar, dos pobres serem os mais afetados, o destaque na mídia é maior para os mais abastados economicamente. Neste sentido, importa indagar: como pensar a construção da cidadania sem antes resolvermos as contradições inerentes que martirizam e violam as potencialidades dos seres pensantes?
            Por tudo isso é um desafio formar sujeitos conscientes, cidadãos imbuídos com os princípios éticos. O empenho em favor da inserção (inclusão) de todo indivíduo precisar ser uma obra coletiva. A vivência cidadã é um agir ativo no mundo, um hábito (ethos) intrínseco naquelas pessoas que entendem que a mudança não é produto do devir espontâneo, natural e casual. O exercício da cidadania é um direito essencial inerente à condição do ser humano. Por isso, nenhuma pessoa pode eximir-se do embate de fazer com que seu título honorífico alcance concretude efetiva.